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André Jordan · 1933-2024
André Jordan nasceu na Polónia, em 1933, e cresceu no Brasil, onde a família procurou refúgio em 1940, em fuga das perseguições nazis na Europa. Tem dupla cidadania brasileira e portuguesa. Em 1968, após a morte de seu pai, André Jordan tornou-se o Director de Desenvolvimento Internacional da Levitt & Sons, em Nova Iorque, à época o mais importante promotor imobiliário residencial nos Estados Unidos. Veio para Portugal em 1971 para criar a Quinta do Lago, um empreendimento que, 40 anos depois, é reconhecido internacionalmente como um dos mais prestigiados desenvolvimentos no mundo. No final da década de 80, após a venda da Quinta do Lago, André Jordan assumiu em Londres, o cargo de Administrador Executivo da Bovis Abroad, empresa do Grupo Bovis dedicado aos negócios imobiliários internacionais, com projectos em Espanha, Portugal e no Caribe, incluindo o famoso La Manga Club, no Sul de Espanha. Em 1991, André Jordan criou um novo projecto na região de Lisboa, denominado Belas Clube de Campo, onde se estabeleceu com sucesso uma comunidade residencial de dimensão significativa. Em 1995, André Jordan adquiriu a Lusotur, proprietária de Vilamoura, o maior complexo residencial e de lazer na Europa. Esta empresa foi vendida a investidores espanhóis em 2006. Os nove campos de golfe criados por André Jordan em Portugal foram o palco de grandes provas internacionais e alguns estão listados entre os melhores na Europa e no mundo. No desenho e na operação dos seus campos de golfe, bem como em todos os outros empreendimentos, especial atenção tem sido dada pelo André Jordan Group ao desenvolvimento sustentável, o que é atestado por inúmeros certificados e prémios internacionais. André Jordan esteve envolvido em muitas organizações e iniciativas de carácter cívico, cultural e educacional, tanto em Portugal como a nível internacional. Foi vice-presidente da WTTC, organização da qual é actualmente membro honorário, integrando seu Governance Committee. É fellow da Duke of Edinburgh International Award Association, de cuja secção portuguesa foi presidente. Ocupou o cargo de Cônsul Honorário do Brasil no Algarve durante 17 anos. É ainda fellow do Royal Institute of Chartered Surveyors. Integra desde 1999 o grupo de fundadores da Fundação de Serralves, instituição a cujo Conselho de Administração pertenceu até 2013. Foi o primeiro Presidente do Urban Land Institute – ULI (Portugal), cargo que exerceu entre 2001 e 2004. Jornalista na sua juventude, André Jordan marcou presença regular nas páginas de opinião de alguns dos principais jornais portugueses e brasileiros e é autor de 7 livros. Cidadão Honorário do Rio de Janeiro, recebeu a Medalha de Ouro das cidades de Loulé e de Sintra, bem como do Turismo de Portugal. Foi-lhe atribuída a chave da cidade de Nova York. Foi condecorado pelo Estado Português com a Grã Cruz da Ordem de Mérito e é Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. O Governo brasileiro condecorou-o igualmente com o grau de Grande Oficial da Ordem do Rio Branco. Recebeu em 2014, em Londres, o World Travel Leaders Award. Em 2020, foi-lhe atribuído pela Casa Real britânica o direito a usar o título de Officer of the British Empire (OBE-Hon). Em Portugal recebeu em 2021 o Prémio Nacional de Turismo ( Categoria Carreira) e em 2022 o Prémio Líderes do Turismo (Categoria Líder de Excelência). André Jordan foi Doutor Honoris Causa pelo ISCTE, Instituto Universitário de Lisboa, e pela Universidade do Algarve. André Jordan faleceu na sua residência no Belas Clube de Campo, no dia 8 de Fevereiro de 2024. Deixa uma descendência de 4 filhos e 9 netos.
﷯ Lisboa, 16 de Março de 2015 — Durante os 75 anos que decorreram desde ter saído da Polónia com os meus pais, irmã e um casal de primos, no dia 1 de Setembro de 1939, sem serem trazidos documentos pessoais, andei durante todo esse tempo com o problema e a dificuldade de comprovar a minha existência. Efectivamente, todas as tentativas junto às autoridades da minha cidade natal Lviv – que faz parte da Ucrânia desde o Tratado de Potsdam que entregou a Galiza Polaca à União Soviética – tinham sido infrutíferas, sob a alegação de que os arquivos haviam desaparecido. Entretanto, um encontro fortuito com o ex-presidente Lech Walesa, no restaurante Gigi, na Quinta do Lago, resultou numa aproximação com o actual Embaixador da Polónia em Portugal, Professor Bronislaw Misztal e a sua mulher. O Professor Misztal é um ilustre sociólogo que ensinou em importantes universidades americanas durante 20 anos e retornou à Polónia convocado pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros Sikorski, para assessorá-lo na formulação política. Encontrou no ministério uma jovem e brilhante diplomata com quem casou e tem 2 filhos, tendo sido nomeado Embaixador da Polónia em Lisboa. O casal Misztal entendeu que eu deveria readquirir a cidadania polaca, complementando as brasileira e portuguesa que tenho e das quais me orgulho. Por intercessão do Embaixador junto ao Consulado da Polónia em Lviv, cidade na qual Portugal jogou duas vezes no último campeonato europeu de futebol, milagrosamente foi encontrada a minha certidão de nascimento, cuja cópia em cirílico tenho o prazer de aqui publicar. Brevemente, receberei o passaporte polaco das mãos do senhor Embaixador, fechando assim um ciclo que durou 75 anos. Poderei usufruir de fazer parte da minha terra, da minha pátria e da minha casa, sem que haja nos meus sentimentos diferença entre essas três condições. O mesmo posso dizer da religião. Nascido numa família judaica de origem tártara, sediada na Galiza desde o século XVI, fui baptizado na religião católica em 1939. Nunca percebi que houvesse conflito nessa dualidade religiosa, dado que os valores morais e espirituais são os mesmos e as diferenças se situam nas áreas das regras de comportamento necessárias numa sociedade civilizada. Nunca esquecendo que Jesus Cristo é também judeu. André Jordan